Boi gordo: Frigorífico quer “pagar menos” pela arroba e pecuarista reage; veja

Com escalas de abate confortáveis e consumo doméstico em desaceleração, indústrias tentam impor queda de preços; mas mercado do boi gordo reage com firmeza apenas em algumas regiões

O mercado físico do boi gordo segue pressionado por movimentos distintos nas principais praças pecuárias do país. Frigoríficos iniciaram a semana tentando reduzir o valor da arroba, amparados por estoques elevados, demanda interna fraca e incertezas no comércio exterior. Mas, segundo analistas, o pecuarista reage com firmeza apenas em algumas regiões.

Segundo Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, em São Paulo e Goiás as indústrias passaram a testar valores menores para a arroba, alegando que o escoamento da carne deve seguir lento no fim de abril. Já em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o mercado segue mais firme, com negócios acima da média nacional.

“No geral, as escalas de abate ainda estão entre cinco e sete dias úteis, o que garante maior poder de barganha às indústrias”, aponta Iglesias.

Cotações da arroba nesta quarta-feira (23/4)

  • São Paulo: R$ 327,25 (ante R$ 329,92)
  • Goiás: R$ 310,36 (ante R$ 310,71)
  • Minas Gerais: R$ 326,76 (alta frente aos R$ 325,88 anteriores)
  • Mato Grosso do Sul: R$ 323,75 (subiu ante R$ 319,32)
  • Mato Grosso: R$ 328,72 (ligeira alta frente a R$ 328,38)

Segundo a Agrifatto, das 17 praças monitoradas, 5 registraram recuos (SP, GO, MG, MS e PR). Nas demais, os preços ficaram estáveis.

Mercado atacadista de carne bovina: retração no consumo

O ambiente de negócios no atacado segue volátil. Iglesias explica que, com menor poder de compra da população, há migração para proteínas mais baratas, como frango, ovos e embutidos.

Cotações do atacado:

  • Quarto dianteiro: R$ 20,50/kg (+R$ 0,50)
  • Quarto traseiro: R$ 25,00/kg (-R$ 1,00)
  • Ponta de agulha: R$ 18,50/kg (estável)

A Scot Consultoria relata queda generalizada em São Paulo:

  • Boi gordo comum: R$ 328/@
  • Boi-China: R$ 333/@
  • Vaca gorda: R$ 288/@
  • Novilha gorda: R$ 308/@

Estoques elevados e devoluções preocupam

A Agrifatto destaca que a fraqueza nas vendas da Páscoa, a interrupção temporária de exportações para os EUA e a pressão da China por preços mais baixos agravaram o cenário.

Além disso:

  • atrasos de até dois dias nas descargas em São Paulo.
  • Parte da carne vendida foi embarcada sem destino definido.
  • Devoluções aumentaram: parciais por qualidade e totais por carne fora do padrão.

“A falta de demanda para reforço dos estoques no atacado confirma a estagnação do mercado, com carne suficiente para abastecimento até pelo menos sexta-feira (25/4)”, informa a Agrifatto.

Mercado futuro do boi gordo ainda resiste

Apesar da pressão no físico, os contratos futuros do boi gordo encerraram o pregão de terça-feira (22/4) em alta na B3.

  • Junho/25: R$ 324,95/@
  • Variação diária: +0,20%

Nesse cenário, mercado do boi gordo entra em uma fase de maior tensão entre oferta e demanda. A tentativa dos frigoríficos de impor quedas nos preços reflete um cenário de estoques cheios, desaceleração no consumo doméstico e exportações menos vigorosas. A expectativa é de um abril encerrando sob forte disputa entre indústrias cautelosas e produtores ainda confiantes na firmeza regional do mercado.

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