
Arroba do boi gordo em Mato Grosso atinge R$ 330 e ultrapassa cotação paulista, impulsionada por escalas curtas, forte demanda e ritmo acelerado de exportações.
O mercado do boi gordo vive um momento de aquecimento expressivo no Brasil, impulsionado pela combinação de escalas de abate reduzidas, exportações aquecidas e uma demanda interna mais firme neste início de mês. Essa conjuntura tem levado a uma valorização generalizada da arroba nas principais regiões pecuárias, com destaque para Mato Grosso, que ultrapassou São Paulo nos preços pagos pela arroba.
A forte concorrência entre frigoríficos para preencher suas programações de abate e o bom desempenho nas vendas de carne bovina, tanto no atacado quanto no mercado externo, sustentam esse cenário de alta. A expectativa é de que esse movimento se mantenha ao longo de abril, apoiado também pela entrada dos salários na economia e pelas encomendas que já projetam aumento no consumo com a aproximação do Dia das Mães.
Mato Grosso lidera preços do boi gordo no Brasil
De acordo com o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, o destaque da semana é a valorização expressiva nas praças mato-grossenses, onde a arroba já ultrapassa a média praticada em São Paulo.
“As escalas de abate permanecem entre cinco e seis dias úteis na média nacional. A combinação entre demanda aquecida e escassez de oferta sustenta o movimento de alta, sobretudo neste início de mês, tradicionalmente mais aquecido pelo ingresso de salários na economia”, afirma Iglesias.
Veja as cotações médias da arroba do boi gordo (a prazo):
- Mato Grosso: R$ 330,00 (ante R$ 324,66)
- São Paulo: R$ 329,00 (ante R$ 328,42)
- Mato Grosso do Sul: R$ 322,39 (ante R$ 321,93)
- Goiás: R$ 320,89 (ante R$ 320,71)
- Minas Gerais: R$ 320,88 (estável)
Confira abaixo o comparativo gráfico entre as cotações atuais e anteriores da arroba do boi gordo nas principais praças produtoras:

Exportações e mercado interno impulsionam atacado
A valorização se estende também ao mercado atacadista, que continua operando com preços firmes. A carne bovina desossada segue com demanda aquecida, com entregas já programadas para o fim de abril, segundo levantamento da Agrifatto.
Os preços no atacado de São Paulo apresentam os seguintes valores:
- Quarto dianteiro: R$ 20,00/kg
- Quarto traseiro: R$ 26,00/kg
- Ponta de agulha: R$ 18,00/kg
Na comparação semanal, os cortes de maior valor também registraram reajustes:
- Patinho e paleta: +R$ 0,50/kg
- Contrafilé e acém: +R$ 1,00/kg
- Lagarto: +R$ 1,50/kg
- Picanha: +R$ 2,00/kg
“Com o mercado fluindo bem, os estoques em frigoríficos, distribuidoras e redes varejistas estão em níveis medianos”, destaca a consultoria.
Escalas de abate do boi gordo continuam curtas
Segundo a Agrifatto, a média nacional das escalas de abate caiu para seis dias úteis, o que limita a programação das indústrias e acentua a pressão de compra.
Veja o panorama por estado:
- São Paulo: 5 dias úteis
- Mato Grosso e Paraná: 5 dias úteis (queda de 1 dia)
- Minas Gerais: 5 dias úteis (queda de 2 dias)
- Rondônia: 7 dias úteis (queda de 3 dias)
- Goiás: 7 dias úteis (alta de 1 dia)
Boi-China e demais categorias
No mercado paulista, o boi-China atingiu R$ 330/@ no prazo, enquanto a novilha gorda subiu para R$ 307/@, segundo levantamento da Scot Consultoria.
Já o boi comum está em R$ 325/@ e a vaca gorda é negociada por R$ 290/@.
“A valorização contínua da carne no mercado interno, o aumento das exportações para a China e a desvalorização do real frente ao dólar sustentam o cenário positivo”, afirma a Agrifatto.
Mercado futuro tem ajuste após rali de alta
Após sucessivas valorizações, os contratos futuros da arroba na B3 registraram recuo na quinta-feira (10). O contrato com vencimento em maio/25 fechou cotado a R$ 332,20/@, queda de 1,48%.
Segundo a Agrifatto, o movimento pode indicar um ajuste pontual diante do recente rali de alta, mas o cenário estrutural segue favorável ao pecuarista, dado o comportamento da oferta e da demanda.
Câmbio
O dólar comercial encerrou a sexta-feira em queda de 0,49%, cotado a R$ 5,8689 para venda. Apesar da queda no dia, a moeda acumula alta de 0,58% na semana, favorecendo os embarques brasileiros e aumentando a competitividade da carne bovina no mercado externo.
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