Boi gordo em disparada faz arroba ultrapassar R$ 331 e pecuarista quer mais

Arroba do boi gordo volta a ultrapassar o valor de R$ 331 e mercado se aquece com expectativa de novos aumentos; Frigoríficos seguem retomando as compras de forma mais intensa, o que ajuda a ajustar as tendências do mercado neste início de 2025.

O mercado físico do boi gordo no Brasil iniciou 2025 com sinais de recuperação, registrando valores acima de R$ 331/@ em diversas praças. Este aumento reflete a retomada da confiança do setor, impulsionada por fatores como escalas de abate curtas, bom desempenho das exportações e condições climáticas favoráveis.

Segundo Fernando Henrique Iglesias, consultor da Safras & Mercado, as indústrias enfrentam dificuldades para alongar as escalas de abate, o que as força a reajustar os preços pagos pela arroba. Em média, as escalas permanecem entre cinco e seis dias úteis. Outro ponto crucial é o aumento da demanda externa, com exportações mantendo níveis elevados.

“O escoamento da produção durante o fim do ano foi acima do esperado, e a necessidade por boiadas aumentou significativamente”, explica Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria. O zootecnista destaca que a melhoria das pastagens, graças às chuvas regulares, permite ao pecuarista segurar a venda de animais terminados, contribuindo para a valorização.

Preços e perspectivas

De acordo com dados da Scot Consultoria e da Agrifatto, o mercado paulista registra valores em torno de R$ 327/@ para o boi comum e R$ 332/@ para o boi-China. Em outras regiões, a média é de R$ 300,30/@, mantendo estabilidade nas últimas duas semanas.

Para Fabbri, o viés de alta deve se manter no curto prazo, sustentado pela oferta ajustada e pela demanda externa. Além disso, analistas da Agrifatto veem uma recuperação gradual dos preços em comparação a dezembro/24, reforçando o cenário de estabilidade no início do ano.

Veja preços médios da arroba de boi gordo no Brasil:

  • São Paulo: R$ 332/@ (R$ 328,08 quinta-feira)
  • Minas Gerais: R$ 318/@ (R$ 313,53 quinta-feira)
  • Goiás: R$ 315/@ (R$ 314,29 quinta-feira)
  • Mato Grosso do Sul: R$ 322/@ (R$ 320,57 quinta-feira)
  • Mato Grosso: R$ 317/@ (R$ 315,88 quinta-feira).

Impacto no mercado interno e externo

A combinação de pressão da demanda externa e oferta controlada projeta um cenário favorável para a arroba. Em dezembro de 2024, o Brasil exportou 202 mil toneladas de carne bovina in natura, segundo maior volume da história para o mês, o que reforça a expectativa de um novo ano recorde.

No mercado interno, entretanto, a situação exige atenção. Após as festividades de fim de ano, analistas preveem um desafio no consumo de carne bovina, devido às despesas sazonais como IPTU, IPVA e material escolar, que impactam o poder de compra do consumidor.

Postura dos frigoríficos e mercado futuro do boi gordo

Os frigoríficos voltaram a intensificar as compras, mesmo com margens apertadas, conforme dados do Cepea. A diferença entre o preço pago pela arroba e o valor obtido com a venda da carne com osso no atacado ainda garante uma margem atrativa, em torno de R$ 30/@.

No mercado futuro, os contratos para janeiro, fevereiro e março de 2025 seguem em alta, indicando confiança em novos ajustes positivos.

Preços no atacado e consumo interno

Apesar do otimismo com a arroba, o setor atacadista sinaliza possível desaceleração na segunda quinzena de janeiro. O preço do quarto traseiro está cotado a R$ 26,80/kg, enquanto a ponta de agulha permanece em R$ 18/kg. Segundo Iglesias, o cenário reflete a busca por proteínas mais acessíveis em meio a despesas extras típicas do início do ano.

O mercado do boi gordo inicia 2025 em alta, impulsionado por fatores como exportações fortes, oferta ajustada e postura compradora dos frigoríficos. No entanto, o comportamento do consumo interno será determinante para a sustentação desses preços ao longo do mês. Para o pecuarista, o momento é de otimismo, mas com cautela diante das oscilações econômicas que podem afetar o poder de compra do consumidor.

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