Boi gordo bate recorde a R$ 262/@ e frigoríficos têm margem para novas altas

Os preços da arroba do boi gordo seguem sua escalada rumo as máximas recordes desse ano em meio ao cenário de forte demanda interna e externa pela carne bovina brasileira e, ainda, a dificuldade das indústrias em originar animais prontos para abate

A recente valorização dos preços da arroba do boi gordo no Brasil reflete uma combinação de fatores que têm favorecido o pecuarista. Entre eles, destaca-se a oferta restrita de animais mantidos a pasto, o crescimento da demanda interna e o aumento das exportações, especialmente para o mercado chinês. Essa dinâmica tem gerado otimismo no setor, com previsões de novas altas no curto prazo.

O mercado físico do boi gordo teve alta generalizada nos preços nesta terça-feira (17). O ambiente de negócios ainda sugere pela continuidade deste movimento no curto prazo, conforme anunciaram as principais consultorias que acompanham o mercado do boi diariamente pelo país.

O mercado chinês, em particular, desempenha um papel crucial nesse cenário. As indústrias brasileiras estão se beneficiando das valorizações na carne bovina exportada, com destaque para o “boi-China”, que envolve animais abatidos até os 30 meses. Em setembro de 2024, o preço do dianteiro brasileiro desossado exportado para a China atingiu R$ 26,16/kg, o maior valor desde abril de 2023. Isso ocorre em um momento em que os frigoríficos estão pagando menos pela matéria-prima, com a arroba do boi em São Paulo girando em torno de R$ 260, o que aumenta a margem de lucro das indústrias.

Esse ganho expressivo no mercado externo, especialmente com a China, se deve ao aumento dos preços da carne suína no país asiático e à retomada da valorização da carne bovina. Desde abril de 2024, a carne suína chinesa subiu 29,12%, impulsionando a demanda pela carne bovina brasileira. Com o mercado chinês em aquecimento, os importadores buscam garantir o abastecimento para o fim do ano, o que pode gerar novos aumentos nos preços pagos aos pecuaristas.

Ao se avaliar por essa ótica, continua a consultoria, “é plausível afirmar que há espaço para que a indústria consiga, sim, pagar mais caro pelo boi gordo paulista e ainda assim auferir uma boa lucratividade”.

“Se vamos chegar aos R$ 280/@ já nas próximas semanas é difícil afirmar, mas há espaço para novas altas baseado nos preços de venda do dianteiro”, reforça a Agrifatto, sugerindo uma possível meta a ser almejada pelos pecuaristas brasileiros.

No mercado interno, a alta da arroba do boi gordo também segue firme. No início de setembro, os preços da arroba ultrapassaram os R$ 260 em alguns estados, como Mato Grosso do Sul, que registrou R$ 261,25/@. Em São Paulo, o valor médio ficou em R$ 257,77/@. Esse movimento de alta, segundo Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, está ligado à forte demanda externa e às escalas de abate apertadas, que pressionam os preços para cima.

Para os analistas da Scot Consultoria, cs compradores abriram o dia oferecendo mais pela arroba das fêmeas. A cotação da vaca e a da novilha subiu R$2,00/@. As cotações do boi gordo e do “boi China” permaneceram estáveis na comparação dia a dia. Ainda segundo a consultoria, o Indicador do Boi Gordo da Scot Consultoria atingiu o pico em 2024. 

Preços médios da arroba do boi gordo pelas principais praças pecuárias do país

  • São Paulo: R$ 258/@
  • Goiás: R$ 253/@
  • Minas Gerais: R$ 250/@
  • Mato Grosso do Sul: R$ 263/@
  • Mato Grosso: R$ 227/@

“A demanda aquecida é outro aspecto a ser considerado no curto prazo, em linha com o ritmo acelerado das exportações brasileiras no decorrer do ano, com o país caminhando para um recorde histórico. O mercado doméstico também conta com avanços do consumo em um ano de alta taxa de ocupação na atividade econômica”, declara.

A expectativa é que essa tendência de alta continue no curto prazo, com a combinação de exportações robustas e um mercado doméstico que também apresenta sinais de recuperação no consumo de carne bovina. Contudo, o mercado atacadista ainda enfrenta desafios, como a menor competitividade da carne bovina em relação às proteínas concorrentes, como o frango.

A dinâmica cambial, por sua vez, favorece as exportações, com o dólar em queda, sendo cotado a R$ 5,48 para venda. Isso barateia os custos de produção para exportação, tornando a carne bovina brasileira ainda mais atrativa no mercado internacional.

Em resumo, o cenário atual para o boi gordo é de valorização, impulsionado pela forte demanda chinesa, um mercado interno aquecido e a expectativa de que as exportações continuem em ritmo acelerado, sustentando novas altas no preço da arroba.

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