O movimento de alta nos preços do boi gordo tem sido verificado nos principais estados produtores do Brasil, impulsionado por uma demanda aquecida, especialmente nas exportações, e pela baixa oferta de animais prontos para abate.
A cotação do boi gordo ultrapassou em negociações pontuais a marca de R$ 320/@ em São Paulo, gerando expectativas de novos recordes no setor pecuário. O movimento de alta nos preços tem sido verificado nos principais estados produtores do Brasil, impulsionado por uma demanda aquecida, especialmente nas exportações, e pela baixa oferta de animais prontos para abate.
De acordo com a consultoria Safras & Mercado, o aumento nos preços do boi gordo ocorre de forma uniforme nos principais estados produtores. Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria, destaca que a continuidade do movimento de valorização ainda é esperada.
Esse cenário se deve à combinação de uma demanda forte para exportação e à escassez de animais para abate. Escalas encurtadas nas unidades frigoríficas resultaram em aumento de preços, enquanto frigoríficos que atendem apenas o mercado interno enfrentam problemas de margem e maior capacidade ociosa, com abates irregulares.
No atacado, os preços da carne bovina também registraram alta. Esse aumento coincide com o início do mês, período de maior movimento econômico devido à entrada dos salários na economia.
Impacto das Exportações e a Expectativa de Recorde
Além do mercado interno, o impulso nas exportações de carne bovina in natura é um dos principais fatores por trás da alta dos preços. A Agrifatto, consultoria especializada no setor, relatou que 10 das 17 regiões monitoradas experimentaram valorização da arroba nesta semana, enquanto outras mantiveram suas cotações estáveis.
A consultoria também aponta que frigoríficos em São Paulo e outros estados chegaram a adotar abates intercalados e, em algumas regiões, houve concessão de férias coletivas temporárias devido à dificuldade em obter matéria-prima.
Perspectivas para o Mercado Futuro
No mercado futuro, a valorização também está presente. A Agrifatto registrou ajustes positivos em todos os contratos do boi gordo da B3 na segunda-feira, com destaque para o contrato de dezembro/24, que fechou a R$ 316,70/@, um aumento de 2,08%. Esse avanço reforça a expectativa de um ciclo positivo para o setor, com chances de novos recordes no preço da arroba.
Pressão Sobre o Varejo e o Consumo Interno
A elevação dos preços do boi gordo tem gerado consequências em toda a cadeia produtiva, especialmente no varejo. Frigoríficos enfrentam desafios para equilibrar suas operações diante da constante valorização da arroba, enquanto açougues e redes de supermercados observam uma redução no consumo, particularmente nas segundas quinzenas do mês. Além disso, a carne de frango tem se mostrado uma alternativa mais acessível para os consumidores brasileiros, ainda mais em um cenário de alta nos preços da carne bovina.
As dificuldades no escoamento também têm levado a um aumento das devoluções parciais por problemas de qualidade, com uma quantidade significativa de carne bovina sendo renegociada para a produção de charque. Isso resultou em ajustes nos preços de cortes como dianteiro e ponta de agulha.
Cotações e Comparativo entre Praças
A Scot Consultoria apurou que o boi-China apresentou valorização, alcançando R$ 317/@, enquanto o animal comum foi negociado a R$ 312/@ em São Paulo. Já em Minas Gerais, o boi comum foi cotado a R$ 305/@ e o boi-China a R$ 315/@.
Em Mato Grosso do Sul, os valores também seguiram a média de R$ 320/@ para o boi gordo. As escalas de abate, que se mantêm curtas, refletem a escassez de oferta e a dificuldade em estender os abates para além de cinco a seis dias.
Preços médios da arroba do boi pelas principais praças pecuárias do país:
- São Paulo: R$ 319,00/@
- Goiás: R$ 315,00/@
- Minas Gerais: R$ 315,00/@
- Mato Grosso do Sul: R$ 315,00/@
- Mato Grosso: R$ 308,00/@
Cenário para o Ciclo Pecuário e Expectativas
Com o dólar em alta, as exportações brasileiras se beneficiam, impulsionando ainda mais a demanda e colaborando para o aumento das cotações. Entretanto, o desafio para frigoríficos e varejo pode se intensificar caso os preços sigam essa trajetória ascendente, pressionando o consumo interno. O setor acompanha atentamente as próximas movimentações, em busca de equilíbrio entre oferta e demanda, à medida que o Brasil se consolida como um dos grandes exportadores de carne bovina e segue com expectativas otimistas para o ciclo pecuário em 2024.
A dinâmica entre demanda externa aquecida e a reduzida oferta de animais pode ser um indicativo de novos recordes no setor. Contudo, a pressão sobre o varejo e o consumo interno representa um contraponto importante nesse cenário de alta.
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