
Uma dúvida frequente, castrado ou inteiro? Apesar de o boi inteiro apresentar maior ganho de peso – podendo ter desempenho 10% superior ao dos bois castrados -, ele não consegue a mesma deposição de gordura.
A castração ou não do rebanho é uma questão constante para os pecuaristas, pois ambas as opções têm pontos positivos e negativos. Uma série de estudos científicos estão reforçando cada vez mais uma grande verdade já praticamente incontestável: a carne de boi castrado possui uma qualidade muito superior do que a carne de bovinos inteiros. Confira quais são os caminhos para uma produção de bovinos de carne de qualidade!
“Na maioria das vezes, o boi castrado produz uma carcaça e uma carne de melhor qualidade, enquanto o boi inteiro tem produtividade maior, ele ganha mais peso”, exemplifica Rodrigo Gomes, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, sediada em Campo Grande, MS. Daí a escolha não ser simples, o que dificulta colocar os prós e contras na balança. Vamos tentar exemplificar para ajudar na decisão entre o Boi Castrado e o Inteiro.

Desenvolvimento fisiológico
Para tomar a decisão de forma mais assertiva é preciso entender como funciona o desenvolvimento dos animais. Durante as fases de crescimento e engorda do bovino, os tecidos não crescem com a mesma intensidade, sendo que os ossos têm desenvolvimento precoce, os tecidos adiposos desenvolvimento tardio, e os músculos, intermediário.
Sendo assim, a proporção de músculos na carcaça aumenta inicialmente, decrescendo à medida que passa a predominar o tecido adiposo, com a elevação da proporção de gordura na carcaça. Por sua vez, a participação dos ossos decresce continuamente. Chama-se de maturidade química da carcaça o ponto em que o peso adicional contém pouca proteína adicional, e o animal passa então a depositar mais gordura. Dessa forma, o estádio de desenvolvimento no momento do abate tem grande influência sobre a composição da carcaça.
As mudanças nas proporções entre os tecidos e em sua composição durante o crescimento são influenciadas por vários fatores, dentre os quais se destacam peso, idade, raça, dieta e sexo. Já é de conhecimento amplo que o boi não castrado ganha mais peso que o castrado, numa mesma condição de alimentação.
A castração dos machos é uma prática tradicional na pecuária de corte. Seu intuito é eliminar os efeitos dos hormônios produzidos nos testículos, deixando o animal mais dócil e facilitando o manejo.
Qual a diferença na carne entre boi inteiro e boi castrado?
Carne x gordura – Assim, se deseja ter maior produtividade, Gomes acredita que o produtor fique tentado a não castrar o boi, o que pode lhe render uma carcaça mais pesada e, consequentemente, maior receita, mas, ao mesmo tempo, perdas no quesito acabamento. Segundo ele, apesar de o boi inteiro apresentar maior ganho de peso – podendo ter desempenho 10% superior ao dos bois castrados -, ele não consegue a mesma deposição de gordura.
“O boi inteiro acaba acelerando esse processo de engorda, mas com mais musculatura e menos gordura”, afirma Alcides Torres, sócio-diretor da Scot Consultoria.
Essa diferença ocorre por causa dos hormônios que são mantidos quando não há castração, explica Gomes. “Dessa forma, o alimento que o boi inteiro consome é, em sua maior parte, destinado para a produção de músculo, fazendo dele um animal que ganha mais peso, produz mais carne, mas penaliza o acabamento”, conta.

Essa falta de gordura, segundo a Embrapa, pode resultar em um escurecimento da parte externa dos músculos durante o resfriamento da carcaça, que, por esse e outros fatores, como pH mais baixo, faz com que as carnes de bois castrados tenham um vermelho mais vivo do que aquelas de animais inteiros. Elas também tendem a ser mais macias e ter maior vida útil na prateleira.
Os machos inteiros são mais passivos de apresentar uma carne com pH indesejado pois, ao atingir a puberdade, passam sofrer mais estresse, ficam menos mansos e pouco obedientes (assim como acontece com nós humanos), em relação aos castrados. Estes fatores favorecem mudanças no pH. E o pH influencia no odor, sabor, maciez e cor da carne.
Além de a maciez estar relacionada ao pH, bois castrados e novilhas produzem enzimas que também levam a contribuir para uma produção de carne macia. “Algumas enzimas são responsáveis pela maciez da carne e verificamos que havia uma interação entre a condição sexual e o período de maturação”, diz a médica veterinária e doutora em zootecnia Angélica Simone Cravo Pereira, professora do departamento de Nutrição e Proteção Animal da Universidade de São Paulo (USP)
Em geral, os bois castrados e as fêmeas tiveram uma carne mais macia quando submetida a período de maturação.
Custo de produção
O animal castrado precisa ingerir 15 a 20% a mais de energia que o inteiro para ganhar um quilo de peso, o que significa uma diferença considerável no custo da alimentação. Considerando, então, que o animal inteiro é mais eficiente para ganhar peso, a decisão de castrar ou não pelo pecuarista passa por fatores indiretos como: a dificuldade de manejo pela presença de fêmeas, maior dificuldade de terminação na entressafra (período seco) etc. Entretanto, não se deve esquecer que os animais inteiros dão acabamento numa idade mais avançada, ou seja, com peso maior que os castrados, acarretando maior rendimento de carcaça. (COSTA, 2013).
No caso do animal a pasto, com ganho médio diário de 750g, a necessidade nutricional do boi inteiro seria de 3,21 Mcal de energia líquida para ganho, contra 3,69 Mcal/dia para o castrado. A diferença também seria de cerca de 15% a favor do animal não castrado.
Fatores finais a se considerar
Considerando então que o animal não castrado é mais eficiente para ganhar peso, a decisão de castrar ou não passa por fatores indiretos como:
- Dificuldade de manejo pela presença de fêmeas;
- Maior dificuldade de terminação na entressafra (período seco);
- Aumento do custo com manutenção de benfeitorias (brigas);
- Menor desfrute, etc.
Entretanto, não se deve esquecer que os animais não castrados dão acabamento numa idade mais avançada, ou seja, com peso maior que os castrados, acarretando maior rendimento de carcaça.
Resumindo o que foi discutido, sabemos a dificuldade dos pecuaristas na escolha do boi inteiro ou castrado frente a incerteza do retorno financeiro. Mas, se animal castrado pode agregar valor ao produto e tiver consumidor disposto a pagar mais por uma carne macia, deve ser muito bem pensado pelos produtores. Devemos recordar, no entanto que a carne de qualidade é resultado de vários fatores, como sempre discutimos aqui, e não apenas do boi ter sido castrado ou não. Pois, até aqueles que foram castrados podem sofrer estresse com um manejo mal adequado, má alimentação etc.
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