Bezerro ultrapassa R$ 3.169/cab, veja onde está o mais caro e o mais barato

Preço da reposição, em especial o bezerro, avança e pressiona decisão dos confinadores; Os pecuaristas têm relatado oferta bem abaixo do que consideram normal, cenário é justificado maior abate de fêmeas nos últimos anos. MS lidera ranking nacional de valores

O mercado de reposição bovina segue em alta consistente, e o bezerro Nelore de 12 meses já ultrapassa os R$ 3.169,26 por cabeça em Mato Grosso do Sul, o maior valor registrado entre as principais praças pecuárias do Brasil, segundo levantamento de 3 de abril de 2025. O cenário reforça a percepção de reversão de ciclo e indica que o preço da reposição está pesando mais nas contas do pecuarista confinador, principalmente diante da valorização mais intensa que a do boi gordo.

Dados do Cepea mostram que, entre março de 2024 e março de 2025, o bezerro negociado em Presidente Prudente (SP) teve valorização de 42%, enquanto o boi gordo subiu 35% no mesmo período.

O Indicador Cepea/Esalq do bezerro em Mato Grosso do Sul atingiu R$ 2.761,64 em 03/04/2025, com alta de 0,59% no dia e 2,09% no mês. Já em dólar, o valor chegou a US$ 490,87.

Esse movimento de alta vem ocorrendo mesmo sem uma demanda aquecida, o que sugere que a oferta enxuta tem sustentado os preços. Leiloeiras e analistas indicam que a escassez de animais de qualidade para reposição tem sido um fator-chave.

Onde o bezerro está mais caro e mais barato

Com base nos dados de 03/04/2025, organizamos abaixo os valores por cabeça do bezerro Nelore (12M, 240 kg, 8@), em ordem crescente nas principais regiões pecuárias:

📉 Mais barato:

  • Acre (AC) – R$ 2.183,33
  • Maranhão (MA) – R$ 2.362,00
  • Bahia (BA) – R$ 2.560,00
  • Pará (PA) – R$ 2.674,00
  • Minas Gerais (MG) – R$ 2.687,33

📈 Mais caro:

  • Goiás (GO) – R$ 2.731,20
  • Tocantins (TO) – R$ 2.876,35
  • Mato Grosso (MT) – R$ 3.100,00
  • Paraná (PR) – R$ 3.163,80
  • Mato Grosso do Sul (MS) – R$ 3.169,26

Vale destacar que os estados do Centro-Oeste lideram os preços da reposição, em especial Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, regiões com tradição na cria e boa liquidez nos leilões.

Preço da reposição avança e pressiona decisão dos confinadores; MS lidera ranking nacional de valores

Pressão no custo de produção com o preço do bezerro

Segundo o Cepea, o bezerro representa entre 60% e 70% do custo de produção de um boi confinado. Com a arroba do boi gordo ainda buscando estabilidade e o preço da reposição em alta, o confinador vê sua margem de lucro ameaçada. Isso pode levar muitos a postergar compras ou até repensar estratégias para o segundo semestre.

Confinamento e Boitel VFL BRASIL. Foto: Marcella Pereira

Apesar das dificuldades de negociação — principalmente pela diferença entre os valores pedidos pelos vendedores e os aceitos pelos compradores — a tendência, segundo análise da Scot Consultoria, é de mercado firme e em alta no curto prazo.

Expectativas para o ciclo pecuário

O avanço da reposição em 2025 indica que a pecuária está migrando para uma nova fase do ciclo, onde a cria volta a ganhar protagonismo. A valorização dos bezerros tende a beneficiar criadores, mas impõe desafios aos terminadores e recriadores. A tomada de decisão nesse cenário exigirá cautela, planejamento e, acima de tudo, análise minuciosa de custos e margens.

Com o bezerro batendo recordes em algumas regiões, a estratégia do produtor rural precisa ser mais cirúrgica do que nunca. E a pergunta que não quer calar é: até onde vai essa alta?

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