De acordo com o diretor Alcides Torres, os preços no mercado do reposição devem seguir firmes pelo menos até 2023, ano em que pode ocorrer a virada do ciclo.
O mercado de reposição e a arroba do boi gordo bateram novos recordes nesta quarta-feira, 16. Os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) registraram os maiores valores da série tanto para o boi gordo (R$ 250,90 por arroba) quanto para o bezerro (R$ 2.240,44 por cabeça), em São Paulo.
Entretanto esse valor está abaixo daquele negociado em algumas praças, já que a demanda está extremamente aquecida e preços pressionados pela menor oferta. Em alguns casos, como registrado no app da Agrobrazil, o valor chega a R$ 2500,00 por cabeça, para animais de alto valor genético.
O diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres, afirma que o abate de matrizes em anos anteriores, em função dos preços baixos, gerou escassez de oferta de bezerros. Com isso, os preços da reposição, seja bezerro, garrote e boi magro estão em alta. Além disso, essa oferta restrita também impacta positivamente o mercado de boi gordo.
O mercado de reposição e a arroba do boi gordo bateram novos recordes nesta semana e o valor médio do bezerro nelore comercializado em São Paulo atingiu R$ 2.134, um recorde absoluto. Seguindo essa trajetória, o mercado de reposição viu os preços ganharem maior espaço nas valorizações.
Segundo os negócios informados pelos próprios pecuaristas, no aplicativo da Agrobrazil, o mercado segue com grande valorização e a média parcial para as categorias, boi magro e bezerro, tiveram valorização nesta primeira quinzena de setembro.
Conforme a tabela abaixo, é possível verificar que o preço médio para os bezerros, tiveram uma alta de quase R$ 700 por cabeça, quando comparado ao início de 2020. Negócios em Lodrinha/PR, para animais de até 200 kg, tiveram preço informado de R$ 2500 por cabeça e com pagamento a vista.
Já a categoria do Boi Magro, a título de comparação, teve seu preço valorizado em quase R$ 50/@, quando comparado ao mês de janeiro de 2020. O preço recorde da arroba tem movimentando o mercado da reposição de norte a sul do país, reflexo do mercado aquecido na ponta da cadeia.
Em média o bezerro de ano valorizou 69,5%, sinalizando essa alta de preços para essa categoria.
Perspectiva
A projeção atual da Scot é que a virada do ciclo pecuário ocorra apenas em 2023. “Nesse semestre, acho que nada muda e mercado deve continuar bastante firme. E deve continuar assim também no ano que vem, em 2021, e deve continuar bastante firme em 2022. A virada de ciclo deve acontecer somente em 2023”, projeta.
Segundo a analista de mercado da Scot Consultoria, Thayna Drugowick, a diminuição da crise econômica aumenta o consumo de carne e pode manter o mercado aquecido por um bom tempo.
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“Recentemente foram divulgados dados do segundo trimestre de 2020, o que mostrou que estamos com muita retenção de fêmeas por causa do preço atrativo dos bezerros. Em média o bezerro de ano valorizou 69,5%, sinalizando essa alta de preços para essa categoria. Como não é esperada uma melhora expressiva na disponibilidade de animais para reposição a curto e médio prazo, as cotações tendem a se manterem firmes e em alta”, disse.
Apesar da expectativa positiva, Torres lembra que o cenário é dinâmico e deve se atentar às condições da economia brasileira. “Mercado é dinâmico e muda muito. Então, convém ficar monitorando o mercado, já que as coisas podem mudar. A única coisa que nos preocupa é a recessão econômica. Pois, ela acaba afetando o poder de compra dos consumidores e sabemos que 75% da carne produzida no Brasil é consumida internamente. Mas, do ponto de vista estrutural, o mercado de reposição deve continuar firme, mais procurado porque a oferta ainda está bastante restrita”, analisa.
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