Estudo sobre sementes forrageiras pretende auxiliar no aumento de competitividade do RS; resultados indicam que ainda prevalece o uso de sementes forrageiras não certificadas no Estado
Espécies forrageiras de clima temperado são utilizadas na formação de pastagens para a alimentação animal, mas também podem ser excelentes opções como cobertura do solo, na sucessão de lavouras. As informações referentes ao mercado e a qualidade das sementes utilizadas como forrageiras no Rio Grande do Sul são incipientes.
Entender todo o contexto relacionado a essas espécies é crucial para se trabalhar em estratégias de aumento de competitividade do Estado. Com o objetivo de caracterizar e verificar em que patamar se encontra a qualidade dessas sementes, pesquisadores do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi) lançaram o Boletim Técnico 11 – “Panorama da forragicultura no Rio Grande do Sul: qualidade de sementes de espécies de inverno”.
“Melhor cobertura de solo significa melhor controle de plantas daninhas, melhor uso da água e maior ciclagem de nutrientes, resultando muito provavelmente em melhor desempenho da cultura sucessora, por exemplo soja, milho e arroz. Ainda, pastagens melhores potencializam a produção de carne e leite”, explica uma das autoras e coordenadora do estudo, pesquisadora da Seapi, Daiane Silva Lattuada.
Conforme ela, durante o trabalho, feito em parceria com a Emater/RS-Ascar e a Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), foram coletadas amostras de sementes de Azevém (Lolium multiflorum), Aveia preta (Avena strigosa) e Aveia Branca (Avena sativa), em todas as regiões do Estado, nas safras 2021/2022. “Há uma estimativa de que, no Rio Grande do Sul, existam 6,5 milhões de hectares cobertos por forrageiras em lavouras anuais. Desta área, avalia-se que pouco menos de 10% é coberto com sementes certificadas”, detalha Daiane.
Para as três espécies avaliadas, verificou-se a massiva utilização de amostras oriundas de materiais não certificados. A principal finalidade de uso apontada foi a produção de gado leiteiro, seguido da produção de gado de corte, cobertura vegetal e grãos. Na média das três espécies, apenas 32% das amostras atenderam aos respectivos padrões das espécies, descritos em normativas próprias. A baixa pureza, especialmente, pela presença de outras espécies cultivadas nas amostras foi o principal motivo para a reprovação das amostras.
Ela conta ainda que foi realizado um levantamento de informações das sementes como: origem (próprias ou certificadas), cultivar, área plantada, safra (ano), condições de armazenamento, entre outras. Também foram feitas análises de qualidade física (pureza) e fisiológica (germinação), no Laboratório de Tecnologia de Sementes do DDPA, adotando-se os critérios estabelecidos pelas regras para análise de sementes.
“Os resultados indicam que ainda prevalece o uso de sementes forrageiras não certificadas no Estado, sendo que menos de 32% das amostras atendiam aos respectivos padrões de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o que consequentemente traz dificuldades ao produtor, especialmente quanto à pureza dos materiais”, destaca a pesquisadora.
“Diante destes resultados, é fundamental que ações sejam propostas e realizadas, para incentivar a adoção de materiais de qualidade superior, visando à promoção das atividades agrícolas que fazem uso dessas espécies e também para que o setor sementeiro brasileiro, que produz sementes de espécies forrageiras, tenha segurança e volte a investir na produção de sementes de elevada qualidade e com genética garantida”, conclui Daiane.
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