Arroba brasileira é a mais barata do mundo entre os principais concorrentes

A arroba brasileira é a mais barata entre os principais mercados mundiais, fato que tem criado um cenário de margens negativas dentro do país; Confira a lista dos valores da arroba do boi gordo nos principais países concorrentes.

O cenário pecuário segue com incertezas envolvendo os valores do boi gordo negociados no mercado interno brasileiro. Em razão da maior oferta de animais para abate no mercado brasileiro, influência do momento que passa o ciclo pecuário, e a desvalorização do dólar frente ao real, os valores do mercado da arroba brasileira cotado em dólar atingiu as mínimas desde agosto/20, criando um cenário negativo nas margens, seja na indústria quanto dentro da porteira.

Fundamentado neste cenário, o preço médio negociado para a exportação total da carne bovina brasileira em agosto (US$ 4.188) continuou muito abaixo dos valores obtidos em 2022 (US$ 5.909). Com isso, as exportações totais de carne bovina em agosto (in natura mais processados) apresentaram redução de 29% na receita e praticamente empataram no volume movimentado. A informação é da Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO), a partir dos dados compilados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Em agosto de 2022, a receita foi de US$ 1,359 bilhão, com a comercialização de 230.144 toneladas de carne bovina in natura e processada. Em agosto de 2023, a receita foi de US$ 962,2 milhões e o volume de 229.774 toneladas.

Segundo cálculos realizados com base no INDICADOR DO BOI GORDO CEPEA/B3, em São Paulo, o indicador Cepea atingiu US$ 40,66/@, no fechamento da última sexta-feira, 08. Entretanto, considerando o valor para o boi brasileiro no mundo divulgado pela Scot Consultoria, o cenário é ainda pior com o animal cotado a US$ 38,51/@.

“A diferença entre o preço do boi gordo brasileiro e a média ponderada do boi gordo no mundo está em níveis que não eram observados há anos”, relata o economista Yago Travagini, consultor da Agrifatto. Segundo ele, o spread (diferença) encontra-se próximo a -29% em relação ao valor da média ponderada do boi gordo no mundo.

“Trata-se da maior diferença de preço (em relação ao valor médio do boi gordo no mundo) desde junho/19”, afirma o consultor.

Se a carne está cara para boa parte da população, o produtor está levando prejuízo na outra ponta. Ambos estão insatisfeitos. Mesmo com a carne cara, a arroba do boi brasileiro é a mais barata do mundo. “Ainda existe possibilidades de um alargamento da diferença, pois a pressão no mercado brasileiro continua”, completa o economista da Agrifatto.

Em um mês, a cotação do boi destinado ao mercado interno, em São Paulo, caiu 17%, chegando ao preço de R$ 195/@, no bruto e a prazo, informa Nicole Santos, analista da Scot Consultoria. “A média mensal de agosto é a pior, em termos nominais, desde julho/20, compara ela. Por sua vez, em termos reais (deflacionados pelo IGP-DI), é a pior média mensal desde julho/17, acrescenta.

Veja a lista dos valores da arroba do boi gordo nos principais países concorrentes, em dólares (segundo a Scot Consultoria):

  • Brasil: US$ 38,50/@
  • Austrália: US$ 45,15/@
  • Paraguai: US$ 42,00/@
  • Uruguai: US$ 48,00/@
  • Irlanda: US$ 74,10/@
  • Argentina: US$ 72,45/@
  • EUA: US$ 96,30/@

Pesquisa trimestral de abate de bovinos

No segundo trimestre de 2023 (abril a junho), foram abatidos 8,4 milhões de bovinos, volume 13,4% maior que no primeiro trimestre. Decompondo o abate, foram 4,3 milhões de bois, 2,5 milhões de vacas, 380 mil novilhos e 1,2 milhão de novilhas. Esta foi a maior participação de novilhas da história, em relação aos demais trimestres.

Gigante chinesa tem recuo de 32.84% até agosto

Em 2022, até agosto, a China, o maior importador da carne bovina brasileira, comprou 786.543 toneladas, proporcionando uma receita de US$ 5,317 bilhões. Neste ano, até agosto, as aquisições foram de 727.565 toneladas, com receita de US$ 3,571 bilhões. Com esta redução, a participação chinesa no total das receitas com as exportações brasileiras caiu de 60,3% em 2022 para 52,7% em 2023.

A expressiva queda de 32,84% nas receitas com as exportações para a China é explicada em grande medida pelos menores preços médios praticados este ano com o país asiático, que apontam queda de 27,4% no acumulado dos primeiros 8 meses do ano. No comparativo entre os meses de agosto de 2023 e 2022, os preços médios das vendas para a China passaram de US$ 6.485 por tonelada para US$ 4.435/ton. (queda de 31,6%).

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