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Carla Martín Bonito, recém-eleita presidente da Copal, pretende transformar a Argentina no “supermercado do mundo”, por meio de uma agenda que foca em competitividade, redução de impostos e internacionalização.
A indústria de alimentos e bebidas é uma das principais forças motrizes da economia argentina. Representa 1 peso de cada 3 gerados pela indústria, responde por 3 de cada 10 empregos formais no setor manufatureiro e é responsável por 40% das exportações do país. No entanto, essa relevância não foi suficiente para evitar uma estagnação que já dura quase 15 anos. Agora, a Argentina pode ser o supermercado do mundo, afirma presidente da Copal.
Em 2023, a indústria retornou aos níveis de produção registrados em 2012, refletindo um cenário de 12 anos de crescimento zero. Para reverter esse quadro, Carla Martín Bonito, recém-eleita presidente da Coordinadora de las Industrias de Productos Alimenticios (Copal), pretende transformar a Argentina no “supermercado do mundo”, por meio de uma agenda que foca em competitividade, redução de impostos e internacionalização.
Um ano de desafios e reestruturação
Segundo Carla Martín, 2024 foi um ano complexo devido ao cenário de recessão e queda no consumo interno. A capacidade instalada da indústria gira em torno de 60%, reflexo de problemas como a falta de insumos e as barreiras para importação. Medidas como a Lei de Gôndolas e o controle de preços também restringiram a recuperação do setor.
Ainda assim, a mudança de governo possibilitou a criação de uma agenda de transição, voltada para a retomada produtiva. “Agora, superada a crise inicial, nosso foco está em agendas de competitividade e internacionalização para romper com a estagnação”, afirma a presidente.
Eixos da agenda de competitividade da Copal
A nova estratégia para impulsionar o setor inclui:
- Redução da pressão tributária: Atualmente, os impostos sobre a indústria variam entre 40% e 50%, dependendo do setor. A proposta inclui a criação de uma conta única, que permita às empresas usar saldos positivos para quitar obrigações fiscais.
- Internacionalização estratégica: Das 14.500 empresas representadas pela Copal, apenas 1.200 exportam, indicando a necessidade de desenvolver capacidades exportadoras e reduzir barreiras logísticas, que aumentam os custos em 15% a 30%.
- Melhoria da infraestrutura: Portos, rodovias e outros componentes logísticos precisam de investimentos para reduzir ineficiências e aumentar a competitividade dos produtos argentinos no mercado global.
Impacto da abertura comercial
Embora as importações argentinas representem apenas 1/12 do valor exportado pelo setor, a flexibilização das regras ajudou a aliviar a escassez de insumos. No entanto, é necessário avançar em estratégias para melhorar o posicionamento dos produtos argentinos no exterior.
Por que os alimentos são caros na Argentina?
Apesar de ser um grande produtor de alimentos, a alta carga tributária e a inflação são os principais fatores que elevam os preços no mercado interno. Segundo Carla Martín, 50% do preço final dos alimentos é composto por impostos. A redução da inflação, que começou a mostrar sinais de desaceleração, é fundamental para a recuperação do poder aquisitivo e do consumo.
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Estagnação e potencial de crescimento
Os últimos 12 anos foram marcados por limitações no crescimento da indústria alimentícia, que não conseguiu superar os níveis máximos registrados em diferentes momentos. Para Carla, o foco deve ser em dois pontos: aproveitar a capacidade ociosa existente e criar um ambiente propício para novos investimentos.
“Apesar das dificuldades, não tenho dúvidas de que a Argentina tem o potencial de atender à crescente demanda global por alimentos”, declara a presidente.
O caminho da Argentina para ser o “supermercado do mundo”
Embora a Argentina seja responsável por menos de 1% das compras globais de alimentos, possui capacidade para diversificar tanto sua matriz de produtos quanto seus destinos de exportação. Atualmente, 77% da oferta exportável está concentrada em apenas três setores, enquanto 60% das vendas se destinam aos 10 principais mercados.
A diversificação e a criação de um ambiente mais competitivo são passos essenciais para transformar o país em uma referência global. “O desafio agora é criar as condições necessárias para que nossa indústria possa competir e se inserir melhor no mercado mundial”, conclui Carla.
Com um plano ambicioso e medidas concretas, a Argentina busca sair do ciclo de estagnação e consolidar-se como o tão almejado supermercado do mundo.
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