
Conhecido por ter liderado um dos maiores impérios, Eike anunciou que investidores árabes devem injetar um aporte de US$ 500 milhões em seu novo projeto voltado à produção de combustíveis sustentáveis a partir da “supercana”
O empresário Eike Batista, conhecido por ter liderado um dos maiores impérios de commodities e energia do Brasil antes de seu colapso há mais de uma década, anunciou que investidores árabes devem confirmar um aporte de US$ 500 milhões em seu novo projeto voltado à produção de combustíveis sustentáveis a partir de uma variedade inovadora de cana-de-açúcar. A informação foi divulgada hoje com exclusividade pela agência Reuters.
A iniciativa faz parte da tentativa de retorno de Eike ao cenário empresarial, agora apostando na chamada “supercana”, uma variedade desenvolvida para elevar exponencialmente a produtividade da indústria sucroenergética.
Detalhes do projeto
O projeto já havia garantido US$ 500 milhões em investimentos do banco privado Brazilinvest, sediado em São Paulo. Agora, Eike afirmou que está em fase final de negociação para fechar um novo aporte de US$ 500 milhões com um investidor estratégico dos Emirados Árabes Unidos. Segundo ele, o anúncio oficial deverá ocorrer nos próximos dias.
Os recursos obtidos serão destinados à implantação de um módulo agrícola de 70 mil hectares, com capacidade produtiva de:
- Mais de 1 bilhão de litros de etanol por ano;
- Cerca de 979 mil toneladas de embalagens biodegradáveis a partir da biomassa da cana;
- Mais de 500 milhões de litros de combustível sustentável de aviação (SAF).
A unidade será instalada no Estado do Rio de Janeiro e faz parte de um plano ambicioso de expansão: Eike prevê construir até 20 módulos semelhantes em diferentes regiões do Brasil.
A aposta na “supercana”
De acordo com Eike, a tecnologia que fundamenta o projeto passou por mais de uma década de testes. A variedade batizada de SC157070 foi desenvolvida para superar a cana tradicional RB867515, a mais cultivada atualmente no país. Entre as vantagens apontadas estão:
- Altura superior a 5 metros;
- Plantio mais denso;
- Produção de 2 a 3 vezes mais etanol que a cana convencional;
- Geração de 7 a 12 vezes mais biomassa.
Para Eike, essa variedade deve transformar o setor:
“Nos próximos 5, 10, 15, 20 anos, os usineiros no Brasil vão substituir toda a cana atual por essa supercana, que tem um motor diferente”, declarou.
Ceticismo no setor
Apesar do entusiasmo do empresário, o projeto foi recebido com desconfiança por parte de grandes nomes da indústria sucroenergética. Rubens Ometto, fundador da Cosan, manifestou ceticismo ao relembrar experiências frustradas com tecnologias semelhantes no passado.
Eike rebateu afirmando que seu projeto incorpora tecnologias mais modernas e lições aprendidas com erros anteriores. Ainda assim, o histórico financeiro e jurídico do empresário pesa contra ele no mercado. Eike foi preso em 2017, acusado de pagar propinas para fechar contratos no Estado do Rio de Janeiro, e foi condenado em 2021 por uso de informação privilegiada e manipulação de mercado. Ele nega qualquer irregularidade.
Estrutura societária e criptomoeda
Por conta de restrições legais, Eike não pode figurar formalmente como proprietário do novo empreendimento. Ele afirmou que está alinhando direitos para futuras subscrições no projeto, que continuará sendo sustentado por capital privado, sem abertura de capital na bolsa.
O empresário também revelou estar trabalhando na criação de uma criptomoeda chamada $EIKE, cuja fase piloto está sendo avaliada por investidores estrangeiros. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acompanha o projeto, mas o token, segundo ele, não será lançado no Brasil neste momento devido a lacunas regulatórias.
Eike aposta na tecnologia blockchain para transformar o mercado financeiro:
“Você elimina intermediários como bancos e corretoras. O mundo todo ainda está definindo regras, mas essa tecnologia vai revolucionar os negócios”, afirmou.
Diante do histórico conturbado de Eike Batista, muitos investidores encaram o projeto com desconfiança. No entanto, o volume de capital levantado e o envolvimento de players internacionais indicam que a super cana pode, de fato, ganhar espaço no mercado.
Se os planos de Eike Batista se concretizarem, a nova variedade poderá redefinir a produção de etanol e biomassa, alavancando o Brasil como líder global em combustíveis sustentáveis. No entanto, resta saber se o projeto resistirá à prova do tempo ou se será mais um dos muitos planos grandiosos que ficaram pelo caminho.
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