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De olho em mercados de nicho, produtores apostam na produção de mel de floradas medicinais da Caatinga após a reabertura de fábrica comunitária em Arcoverde.
Desde 2001 na apicultura, o agricultor familiar Celso da Silva Sousa viu sua produção de mel cair este ano de uma média de duas toneladas para apenas 300 quilos – resultado da seca que afetou as colmeias de Arcoverde, no sertão pernambucano. Sem água e sem vegetação, a população de abelhas da região minguou.
“Os enxames, no período de seca, acabam migrando para outras regiões. E até então o método de criação aqui não tinha técnica de alimentar no período de estiagem e colocar água para essas abelhas”, lembra Jackson Gomes da Silva Lima. Desde 2012, ele atua num projeto social para resgatar a população de abelhas nativas e fomentar a produção de local de mel.
“Aqui a gente tem uma biodiversidade e uma vegetação diferenciada das demais. Um bioma único no mundo, com um sabor no mel totalmente diferenciado de outras regiões”, explica Jackson ao destacar o valor medicinal das plantas da Caatinga que servem de matéria prima para a produção do mel.
A ideia, conta, é trabalhar com tanto com abelhas nativas quanto a apis melífera, associando geração de renda e preservação ambiental.
“É justamente uma forma de combater o desmatamento por meio da criação de abelhas nativas e exóticas. Foi uma forma de ajudar sustentavelmente as famílias com uma renda mensal e um papel importante de preservar o meio ambiente”, conta Jackson ao lembrar que muitas delas dependiam da exploração da madeira e do carvão vegetal.
Mantido desde 2012, este ano o projeto ganhou um reforço de R$ 120 mil obtidos de indenizações por dano moral coletivo em ações civis públicas ajuizadas pelo Ministério Público do Trabalho de Caruaru.
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“A apicultura aqui nessa região de Arcoverde tem um grande potencial para a economia local e inclusive contribui também para a fixação do homem no campo. Então é um esforço de inserir e fortalecer essa cadeia produtiva do mel”, explica a procuradora do trabalho Vanessa Patriota, responsável pela destinação.
Além da aquisição de mil novas colmeias que serão distribuídas a 50 produtores locais, o recurso também permitirá a reativação de uma fábrica doada à comunidade há seis anos, mas que nunca fora aberta.
Um dos beneficiários do projeto, Celso da Silva passou de 20 para 70 colmeias e, com o impulso, já faz planos: quer certificar a sua produção para alcançar novos mercados. A meta, conta, é alcançar 200 colmeias nos próximos anos. “Eu não penso em apicultura como brincadeira A partir de agora eu penso em apicultura profissional e ambiental. Que a apicultura venha me dar elo para eu trabalhar o setor do meio ambiente”, revela o produtor.
E o potencial, segundo Jackson, é grande. “Se tivéssemos hoje mel em grande quantidade, já tem pessoas a procura em Portugal, Alemanha, São Paulo e outros Estados já tem uma procura muito grande pelo mel da nossa região e em breve vamos estar suprindo isso”, comemora o pesquisador.
Fonte: Revista Globo Rural