Agro, tecnologia e remuneração variável

O agro é um setor significativo da economia e exige a busca por profissionais qualificados para ocupar cargos estratégicos; gestor de pessoas explora a possibilidades de atração de talentos para o setor é o uso de remuneração variável

Por Athila Machado* – Responsável por praticamente 25% do Produto Interno Brasileiro (PIB) em 2023, o agronegócio brasileiro é um dos setores econômicos mais dinâmicos no Brasil, levando a debates sobre como sua expansão pode oferecer oportunidades para o desenvolvimento humano.

Um setor tão significativo da economia exige, cada vez mais, a busca por profissionais qualificados para ocupar cargos estratégicos. Nesse sentido, umas das possibilidades de atração de talentos para o setor é o uso de remuneração variável, uma forma de compensação não fixa, que depende do desempenho individual, coletivo ou do desempenho da empresa. Geralmente, é baseada em metas pré-definidas de acordo com os resultados alcançados.

Há seis tipos de remuneração:

  • Bônus: são pagamentos adicionais concedidos de acordo com o cumprimento de objetivos específicos estabelecidos previamente. Podem ser individuais, de equipe ou organizacionais.
  • Comissões: são uma porcentagem sobre as vendas realizadas, com o objetivo de incentivar a equipe de vendas a atingir metas comerciais e aumentar a receita da empresa.
  • Incentivo a longo prazo (ILP): é uma categoria de remuneração variável que recompensa os colaboradores que permanecem na empresa por longos períodos. Os ILPs são baseados em ações e podem incluir bonificações por tempo de permanência na empresa.
  • Participação de resultados: distribui uma parte dos ganhos da empresa entre os colaboradores, motivando-os a contribuir para o sucesso financeiro da organização.
  • Remuneração por competências: bonificação pela aquisição ou pelo desenvolvimento de competências e habilidades estratégicas ligadas ao resultado.
  • Incentivos coletivos: bonificação baseada no desempenho global da empresa ou de uma unidade específica.

O programa de remuneração variável tem como objetivo central premiar as pessoas que se destacam pelo resultado alcançado. Para que ele seja bem executado dentro da organização, é necessário definir as metas globais da empresa, criar um desdobramento das metas, acompanhar os resultados e realizar um pagamento dessa remuneração. A premissa é: deve ser uma premiação justa e transparente.

Esse tipo de remuneração traz tanto benefícios para os funcionários quanto para a companhia. Quanto ao colaborador, traz foco nos objetivos estabelecidos, oportunidades de crescimento profissional e de remuneração extra e uma visão mais clara dos objetivos do local em que atua. Já para a empresa, há um aumento de performance e competitividade, atração de talentos, colaboradores mais motivados e objetivos corporativos alinhados. Dados da Gartner, do Euromonitor e do Valor Econômico mostram que, no Brasil, o aumento do engajamento com metas e objetivos nas empresas que adotaram a metodologia tiveram de 5% a 20% de incremento de receita. No agro, especificamente, o percentual foi de 5% de aumento.

Mas é preciso ter muita cautela, afinal, como todo programa, há riscos, entre eles conflito de interesses entre as pessoas, metas mal dimensionadas, pensamento no curto prazo, erosão de valor da empresa e piora no clima organizacional. Ou seja, a remuneração variável mal estruturada pode gerar vários problemas para a empresa e para as pessoas.

Dados da Harvard Business Review mostram que 90% das estratégias falham em função da baixa implementação. Além disso, 63% das pessoas não sabem onde as empresas querem chegar e por que. Apenas 5% dos colaboradores entendem o seu papel na estratégia da empresa e só 3% dos executivos acreditam no sucesso das estratégias da empresa.

Os números assustam, não é mesmo?

Então, qual a estratégia para vencer o abismo estratégia versus operação? Não se trata de uma receita de bolo, mas entender sempre que é fundamental um alinhamento de esforços e o constante acompanhamento de resultados, garantindo que as metas individuais estejam alinhadas com os objetivos estratégicos da empresa, possibilitando a correção de rota e uma cultura de melhoria constante.

Talvez você esteja se perguntando onde entra a tecnologia nisso tudo. Seja no agro quanto em qualquer outro setor da economia, a integração dos softwares de remuneração variável com os sistemas já utilizados pela empresa é essencial para garantir uma transição suave e uma visão integrada do desempenho dos colaboradores. Sem a tecnologia para o apoio da gestão estratégica do negócio a empresa pode ficar à deriva. A implementação de programas de remuneração variável é simplificada com o uso de softwares dedicados, permitindo uma adaptação mais fácil às necessidades da empresa. Eles oferecem análises de dados precisas, auxiliando na tomada de decisões estratégicas baseadas em informações confiáveis. Ou seja, permite uma gestão mais eficiente.

Recentemente, o departamento do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apresentou os principais achados do levantamento “Monitor de Tendências do Agronegócio Brasileiro”, no qual entrevistou produtores rurais localizados em todas as regiões do Brasil, de todos os portes, envolvidos nas principais atividades agropecuárias, para compreender suas tomadas de decisão relacionadas à aquisição de insumos e tecnologias, financiamento e seguro rural.

O estudo revelou que os produtores agropecuários são comprometidos com as boas práticas de gestão, geralmente jovens e adeptos ao uso de tecnologias. No quesito inovação, os produtores rurais se definem majoritariamente como adotantes intermediários de novas tecnologias. Além disso, aproximadamente 60% dos entrevistados afirmaram que costumam adotar novas tecnologias somente após observar os resultados de outros produtores que as utilizaram.

Os dados são animadores, pois mostram que um dos setores mais pujantes e promissores da economia brasileira está com os olhos voltados para o presente e para o futuro, sempre levando em consideração o uso da tecnologia, porteira para dentro e porteira pra fora.

Ganha a empresa e ganha o colaborador com a implementação desse modelo. Abaixo, veja os benefícios desse programa para as partes, desde que seja bem implementado:

O ciclo de benefícios vai da retenção dos colaboradores à proposição de desafios e novas experiências. É um processo que visa ao desenvolvimento das pessoas e organizações.

Athila Machado é cofundador da Mereo, HR Tech presente em mais de 40 países, responsável por atender a 10% das 500 maiores empresas do Brasil. Conta com uma plataforma integrada de gestão de pessoas que oferece uma solução completa para gestão de metas e competências, remuneração variável, sucessão e capacitação.

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