
Presidente da Acrimat diz que pecuária pede socorro; O estado do Mato Grosso possui um rebanho bovino com 34,4 milhões de cabeças e, segundo a entidade, o estado precisa “urgentemente” de políticas efetivas.
Apesar de batermos recordes sucessivos de produtividade, termos alimentado o mundo na pandemia, colocando alimento na mesa de quase um bilhão de pessoas, o setor passa por um momento muito difícil e que vem se estendendo há mais de um ano. A pecuária em Mato Grosso e no Brasil como um todo enfrentou um momento crítico e, de acordo com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), a pecuária pede socorro. O setor, que inclui tanto a pecuária de corte quanto de leite, está sob pressão devido a uma série de desafios que vão desde preços insustentáveis da arroba até questões de insegurança jurídica e física nas propriedades rurais.
Diante deste cenário alarmante, a Acrimat faz um apelo urgente para que medidas sejam tomadas para aliviar os desafios enfrentados pelos pecuaristas. O equilíbrio entre os custos de produção e os preços da arroba, junto com soluções para as questões de segurança e jurídicas, são essenciais para a sustentabilidade e sucesso a longo prazo do setor pecuário em Mato Grosso e no Brasil como um todo.
Mato Grosso é detentor de aproximadamente 15% do rebanho bovino brasileiro. Em quantitativo de bovinos levantado durante a campanha de atualização de estoque de rebanho, realizada entre 1º de maio e 15 de junho deste ano, conforme o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea-MT), foi constatado um volume de 34.473.643 animais no estado.
Os abates de bovinos em agosto/23 no Mato Grosso atingiram o maior patamar mensal da série histórica, chegando a 581,51 mil cabeças, informa o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), com base nos dados do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea/MT).
Pecuária está pedindo socorro
Pode parecer inacreditável um setor tão forte e importante da economia brasileira pedir socorro. Apesar de batermos recordes sucessivos de produtividade, termos alimentado o mundo na pandemia, colocando alimento na mesa de quase um bilhão de pessoas, nosso setor passa por um momento muito difícil e que vem se estendendo há mais de um ano.
Todos os pecuaristas conhecem o ciclo pecuário de altas e baixas no mercado, seja por excesso ou falta de produtos e que atinge em maior ou menor grau todas as fases da produção, seja na cria, na recria, na terminação ou mesmo no ciclo completo. Conhecedor desse ciclo, o pecuarista vem tentando sobreviver, com planejamento, investimento e muita eficiência, mas, atualmente nos deparamos com outras inúmeras variáveis que estão conseguindo tirar muitos produtores da atividade.
A pecuária, tanto a de corte quanto a de leite, sempre foi muito democrática e acessível à todas as camadas de produtores, desde o micro pecuarista, que a utiliza como subsistência, até os grandes produtores e cada um, à sua maneira, e de acordo com suas possibilidades, vem tentando permanecer nesse mercado até hoje porém, no cenário atual de preços da arroba abaixo dos custos de produção, a maioria das plantas na mão de poucos e grandes frigoríficos, baixo poder aquisitivo da população, insegurança no campo, insegurança jurídica levando muitos produtores a parar de investir no seu negócio, nessa economia recheada de incertezas pela qual passa nosso país.
A Acrimat tem trabalhado muito na busca de soluções para se mitigar os problemas, seja na tentativa de se baixarem taxas, no estímulo à abertura de novas e pequenas plantas frigoríficas, abatedouros municipais, seja em campanhas que estimulem o aumento do consumo de carne, seja na orientação e educação continuada de milhares de pequenos e médios produtores através de nossos projetos, seja na abertura de cooperativas de produtores, seja na formação de pools de venda de animais e compra de insumos, enfim, muita coisa mas tudo isso ainda tem se mostrado insuficiente para minimizar essa crise.

Desafios-Chave
Custos de Produção vs Preços de Venda : Atualmente, os preços da arroba do boi estão abaixo dos custos de produção, criando um ambiente financeiramente instável para os pecuaristas.
Baixo Poder Aquisitivo da População : A redução do poder de compra dos consumidores também afeta qualidades a demanda por produtos pecuários, agravando ainda mais a situação do setor.
Insegurança no Campo : A falta de segurança nas propriedades rurais contribui para um ambiente de incerteza, o que incentiva investimentos e pode levar a perdas significativas.
Insegurança Jurídica : Questões legais pendentes, como disputas de terras e regulamentações ambientais, acrescentam uma camada adicional de complexidade e risco para os produtores.
Precisamos urgentemente de políticas efetivas de Estado, sejam elas de qualquer esfera, mais ágeis e eficientes, porque hoje elas se mostram poucas e lentas, muitas vezes ultrapassadas devido à dinâmica do mercado. As leis e os gestores públicos precisam se adaptar às novas necessidades no tempo certo. Isso é o que diferencia um setor público eficiente. A velocidade de reação e adaptação aos desafios que se mostram cada vez mais frequentes. Nosso papel como produtores estamos fazendo, que é pagar nossos impostos e produzir cada vez mais e melhor em áreas cada vez menores
Somos interrogados pelas pessoas e grande parte da imprensa sobre os preços da carne nos mercados, mas poucas pessoas sabem que não é o produtor que determina o preço do seu produto. Pode parecer inacreditável, mas a verdade é que toda vez que se vai vender um animal pronto para o abate, perguntamos aos frigoríficos quanto nos pagam por nossos produtos. Nunca, absolutamente nunca, determinamos o preço da arroba. Não fazemos parte dessa decisão.
Há pouco tempo a Acrimat juntamente com o IMEA fez um levantamento para saber quem estava ganhando no mercado da carne que envolve os pecuaristas, os frigoríficos e o varejo e ficou evidenciado que o grande beneficiado era o varejo. Com a acentuação da queda do preço da arroba do boi, os frigoríficos também passaram a ter lucros bastante significativos, sobrando o prejuízo para o produtor principalmente nesses últimos dois anos.
Solicitamos ao Governo do Estado desde janeiro deste ano a redução da taxa de abate das fêmeas, cujo valor, apesar de mais leves e mais desvalorizadas, é exatamente o mesmo dos machos. Uma medida lógica, justa e legal seria esse ajuste. As taxas de abate também não trabalham com a oscilação do mercado, não flutuam conforme os preços, pelo contrário são reajustadas de acordo com a inflação, aumentando cada vez mais o buraco no setor produtivo.
Precisamos ser olhados e tratados como parceiros nessa economia pujante, onde todos tenham sua parte e valor reconhecido. A máquina pública antes de ser arrecadadora tem que estar pronta e alerta às injustiças, porque a balança precisa estar em equilíbrio para todos. Não pedimos mais para nós e menos para os outros, pedimos o correto e o necessário à continuidade do nosso trabalho.
Por fim acreditamos no mercado livre, mas antes de tudo acreditamos no mercado justo.
Fonte: Por Oswaldo Ribeiro Junior, pecuarista e presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.
Setor Produtivo defende Código Florestal e impactos críticos da Moratória da Soja em audiência no Senado
O debate trouxe à tona o clamor de produtores rurais e representantes do setor agropecuário diante de medidas que violam a soberania nacional.
Preço de ingredientes do prato feito tem queda em São Paulo em março
A carne bovina, item de maior peso na composição do prato, registrou recuo de 1,16%. No acumulado deste ano, a queda chega a 0,49%.
Continue Reading Preço de ingredientes do prato feito tem queda em São Paulo em março
Conheça Saltillo Jr., lenda texana que deu início ao Quarto de Milha no Brasil
Os peões esperavam ver um cavalo de faroeste, como nos filmes de Roy Rogers. Mas o que desembarcou foi mais do que isso: um Quarto de Milha legítimo, puro sangue King Ranch, com força, agilidade e presença de rei. A partir daquele dia, o Brasil rural nunca mais seria o mesmo.
Continue Reading Conheça Saltillo Jr., lenda texana que deu início ao Quarto de Milha no Brasil
Frente fria se intensifica no Sudeste e provoca temporais no Centro-Oeste
Nesta quinta-feira o clima será marcado por chuvas intensas em diversas regiões, acompanhadas de queda de temperatura e ventos fortes
Continue Reading Frente fria se intensifica no Sudeste e provoca temporais no Centro-Oeste
Agrogalaxy reverte lucro e tem prejuízo líquido ajustado de R$ 292,4 milhões
Em todo o ano de 2024, a receita somou R$ 4,612 bilhões, recuo de 50,9% em relação aos R$ 9,4 bilhões do ano anterior.
Continue Reading Agrogalaxy reverte lucro e tem prejuízo líquido ajustado de R$ 292,4 milhões
Mangalarga vs. Mangalarga Marchador: o duelo que confunde até quem é do meio
Entenda como uma única linhagem deu origem a duas raças com identidades próprias e objetivos bem diferentes; Descubra como identificar o Mangalarga e o Mangalarga Marchador.
Continue Reading Mangalarga vs. Mangalarga Marchador: o duelo que confunde até quem é do meio