
A praga causa danos tão significativos no feijão, chegando a inviabilizar o cultivo em algumas áreas e épocas, devido à alta infestação
A mosca branca (Bemisia tabaci biótipo B) é uma das principais pragas que atacam a cultura do feijão. Seus danos podem chegar a 100% de perda em produtividade na lavoura. Diversas características a tornam uma praga muito agressiva, como a capacidade de sobrevivência devido ao grande número de hospedeiros, bem como a adaptação às condições adversas de clima, possuindo elevado potencial reprodutivo resultando em muitas gerações por ano, capacidade de transmitir viroses e a dificuldade de controle.
- Danos diretos: ocorrem em detrimento da alimentação de ninfas e adultos que sugam a seiva e injetam toxinas na planta. Os tecidos foliares inicialmente apresentam pontuações amareladas, podendo evoluir para lesões e secamento total das folhas.
- Danos indiretos: o mais importante dano indireto associado à mosca branca é a transmissão de viroses, sendo a principal do vírus do mosaico dourado do feijoeiro (Bean golden mosaic virus – BGMV). Outros vírus como o Cowpea mild mottle vírus (CpMMV) podem ser transmitidos, podendo ocorrer tanto em cultivares convencionais, quanto em cultivares resistentes ao vírus do mosaico dourado. Plantas viróticas apresentam menor desenvolvimento, porte reduzido (anãs), folhas retorcidas e encarquilhadas e com clorose internerval (mosaico). Em função de alterações morfológicas e fisiológicas, essas plantas tornam-se menos produtivas que as sadias. Além das viroses, um outro dano indireto importante é o favorecimento para ocorrência de fumagina na planta. No ato alimentar da praga, há liberação de solução açucarada (“honeydew“) altamente favorável ao crescimento de fungos do gênero Capnodium sp. A massa micelial escura crescida sobre os tecidos é chamada de fumagina. Ela reduz a capacidade fotossintética das folhas e compromete o potencial produtivo da planta.
O manejo da mosca branca:
Diante do potencial de dano elevado e dificuldades de controle, é importante considerar medidas de manejo integrado de pragas (MIP). Abaixo, estão listadas práticas recomendadas a serem integradas dentro de um programa de manejo:
- Controle de plantas daninhas hospedeiras da praga;
- Reduzir a população da praga ainda no cultivo anterior, e evitar a manutenção de plantas tigueras na área;
- Adequar épocas de semeadura para coincidir com menor pressão da praga no campo;
- Utilizar cultivares adaptadas à região que contemplem resistência ao mosaico dourado e algum grau de antibiose e antixenose (não-preferência) a B. tabaci;
- Utilização de agentes de controle biológico;
- Tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos;
- Aplicações de inseticidas em parte aérea.
Os desafios do controle químico:
Pelo fato da mosca branca ser transmissora de viroses, não há um nível de controle estabelecido para essa praga: o seu manejo deve ser realizado de acordo com a época de plantio e o nível de infestação.
1. Semeadura de segunda safra ou “plantio da seca”
Esse plantio é realizado de janeiro a abril e coincide com um período de alta pressão da praga no campo. Muitas vezes, esse cultivo sucede a cultura da soja, que também é hospedeira da mosca branca e pode favorecer os altos níveis populacionais. Nesse cenário, considerando áreas com histórico de alta incidência do mosaico dourado, o controle deve ser intensificado. Deve ser feito um bom tratamento de sementes, complementado com aplicações de inseticidas em parte aérea, iniciadas de maneira preventiva, 7 a 10 dias após a emergência da cultura, ou logo após o aparecimento da praga. Reaplicar com intervalos de 5 a 7 dias.
2. Semeadura de primeira safra ou “plantio das águas” e semeadura de terceira safra ou “plantio de inverno”
A primeira safra é plantada de setembro a novembro e a terceira safra de abril a junho. Nesses cenários, é comum que o cultivo anterior seja uma cultura de cobertura, ou milho, que podem desfavorecer a praga. Assim, os estágios críticos da cultura, que se dão da emergência até a floração, coincidem com um período de menor pressão da praga no campo, o que reduz o risco e favorece o controle.
Nesse caso, deve-se utilizar um tratamento de sementes e realizar o monitoramento das áreas, de maneira frequente e criteriosa, após a emergência. As aplicações devem iniciar no início da infestação, quando for constatada a presença de adultos, ovos, as primeiras “ninfas” ou formas jovens, intercalando as aplicações com produtos de diferentes mecanismos de ação.
Em resumo, é importante haver um planejamento estratégico para a cultura do feijão, considerando cenários de alto risco, nos quais a mosca branca é favorecida, e cenários de médio risco. Deve-se levar em conta o cultivo anterior, os cultivos adjacentes, época de semeadura (verão ou inverno), cultivo irrigado ou de sequeiro, variedades utilizadas e condições climáticas. Em qualquer um dos cenários, o monitoramento deve ser sempre mantido. A amostragem será a base para a tomada de decisão e adoção de medidas de controle.
Fonte: Agro Bayer Brasil