
Uma pesquisa realizada por cientistas de Kentucky e Illinois, nos Estados Unidos, e publicada na revista Nutrients, revelou que a realidade de muitos pratos plant-based pode não ser tão saudável quanto se imagina.
Nos últimos anos, a busca por uma alimentação mais saudável tem levado muitas pessoas a repensar seus hábitos alimentares, resultando em uma maior adesão ao consumo de vegetais e na redução de produtos de origem animal, como as carnes. Essa mudança tem sido acompanhada pela popularização de restaurantes especializados que oferecem opções mais saudáveis, mas surge uma dúvida: esses alimentos “plant-based” realmente atendem às expectativas de saúde, sendo livres de grãos refinados, frituras e gorduras saturadas, como são frequentemente divulgados?
Uma pesquisa realizada por cientistas de Kentucky e Illinois, nos Estados Unidos, e publicada na revista Nutrients, revelou que a realidade de muitos pratos à base de vegetais pode não ser tão saudável quanto se imagina. O estudo, que durou três anos, envolveu a análise de 561 restaurantes de diversos países, dos quais 278 eram veganos ou vegetarianos e 283 eram onívoros, ou seja, ofereciam opções para todos os tipos de dietas, incluindo as vegetais.
Os restaurantes foram analisados em países como Estados Unidos, Austrália, França, Alemanha, Japão, Brasil e outros. A maior parte das avaliações ocorreu nos Estados Unidos.
Quais foram as descobertas? Os restaurantes veganos e vegetarianos apresentaram uma maior porcentagem de pratos saudáveis entre os 3.600 itens analisados. No entanto, um dado importante chamou a atenção: apenas 2% desses restaurantes ofereciam refeições sem a presença de grãos refinados, gorduras saturadas ou frituras. Além disso, esses locais também se destacaram por fornecer informações nutricionais detalhadas, como os teores de sódio e açúcar.
Em contraste, 26% dos restaurantes onívoros e 14% dos veganos e vegetarianos receberam a nota zero, devido à presença de alimentos não saudáveis em seus cardápios.
O estudo apontou que, apesar de muitos pratos serem promovidos como saudáveis, muitos continham ingredientes considerados não adequados, como grãos refinados e frituras. Porém, os restaurantes veganos e vegetarianos ofereciam uma maior variedade de opções realmente saudáveis.
Dos 3.600 pratos “plant-based” analisados, quase 2.500 foram considerados insalubres devido à presença de ingredientes indesejáveis, como grãos refinados (1.408 pratos), gordura saturada (321 pratos) e fritura (768 pratos). Curiosamente, os pratos com esses ingredientes não saudáveis foram mais comuns nos restaurantes veganos e vegetarianos, que tiveram 1.732 pratos avaliados negativamente, enquanto os restaurantes onívoros apresentaram 765 pratos com esses itens.

Carne de laboratório: um futuro distante e incerto
Em paralelo à busca por opções mais saudáveis, a carne de laboratório tem ganhado atenção como uma possível solução para a produção de carne de maneira mais sustentável. No entanto, novos estudos têm mostrado que essa tecnologia ainda está longe de se tornar uma realidade viável. De acordo com um estudo recente, a carne cultivada em laboratório não só tem um custo de produção muito alto, como também pode ter impactos ambientais e nutricionais piores do que se imaginava.
Entre os principais problemas identificados estão:
- Alto consumo de energia: A produção de carne cultivada exige uma quantidade considerável de energia, o que eleva seu impacto ambiental, superando, em alguns casos, o da produção convencional de carne.
- Desafios nutricionais: Não há evidências de que a carne cultivada possua os mesmos nutrientes essenciais que a carne convencional, como a vitamina B12, que só estaria presente caso fosse adicionada artificialmente.
- Dificuldades de escala e custo elevado: O custo de produção continua a ser um obstáculo significativo. Para se tornar competitiva com a carne tradicional, o meio de cultura celular precisaria ser muito mais barato do que é hoje, algo ainda distante da realidade.
Além disso, estudos mais recentes indicam que a carne cultivada pode ter um impacto ambiental ainda maior do que se pensava inicialmente. Embora o consumo de água seja menor em comparação com a pecuária tradicional, os dados sobre o impacto total da produção em larga escala ainda são inconclusivos.
Desafios técnicos e aceitação do consumidor ao “plant-based”
Mesmo que os problemas ambientais sejam resolvidos, a carne cultivada enfrenta enormes desafios técnicos. A produção em larga escala não é simples, e qualquer contaminação pode arruinar lotes inteiros de células cultivadas. Além disso, muitas empresas ainda dependem de soro fetal bovino para o crescimento das células, o que contradiz a proposta de uma carne “livre de sofrimento animal”.
Por fim, a questão da aceitação do consumidor também é um grande obstáculo. Embora a carne cultivada seja vista como uma alternativa para combater os problemas ambientais, muitas pessoas ainda desconfiam da ideia de consumir carne “artificial”. Além disso, questões culturais e psicológicas em relação ao consumo de carne também desempenham um papel importante na hesitação do público em adotar essa tecnologia.
O futuro da carne cultivada ainda é incerto
A indústria da carne cultivada ainda enfrenta uma longa estrada pela frente. Enquanto isso, a pecuária tradicional continua sendo a opção mais viável, acessível e competitiva para alimentar a população mundial. A carne de laboratório, com seus altos custos, desafios técnicos e impacto ambiental incerto, parece estar longe de se tornar uma alternativa realista no curto prazo.
A carne cultivada tem um futuro? Ou é um projeto que nunca será viável? Embora as tecnologias possam evoluir, as soluções para os problemas técnicos, econômicos e ambientais ainda são distantes, deixando a pecuária tradicional como a opção mais eficaz e sustentável para o presente e o futuro próximo.
Escrito por Compre Rural
VEJA MAIS:
- Mais macia que picanha: Conheça o novo corte bovino que está conquistando o paladar
- Desafios no crédito agrícola: Panorama Setorial apontará soluções para o setor
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.